Existem várias teses para explicar a origem etimológica da palavra Melres. Contudo, aquela que mais consenso reúne e que mais consistência ganhou é que inicialmente o termo latino, que aparece nos documentos medievais, é Mellares, o qual foi evoluindo até surgir Melres. Este termo Mellares significa terras de mel e, por essa razão, podemos depreender que este território seria um grande centro de apicultura – cabaça ou sede –, até porque Melres tem uma extensa floresta, com muitos sobreiros que forneciam a cortiça para a sua cultura e particularmente uma grande encosta voltada ao Sul. Nos dias de hoje, esta actividade parece mais descentralizada, talvez devido ao processo mais industrializado de produção e ao seu comércio.
Sabe-se que já antes dos celtas esta região era habitada, por povos atraídos pela riqueza, beleza e fertilidade das terras. Como prova, temos a vizinha Mamoa de Brandião, bem como outros elementos megalíticos e depois as fortificações castrejas.
Em termos peninsulares, os Galaicos ocuparam o território desde o Rio Douro ao Mar Cantábrico, região esta que chamaram Galécia, e que apesar das transformações que sofreu deu origem à Galiza. Também se sabe que a Galécia acabou por ser invadida pelos generais romanos, o que levou naturalmente a Melres ficar sob o domínio deste povo. Os elementos que comprovam esta realidade são uma ara romana que existe no adro da Igreja Matriz, alguns capitéis, pedaços de colunas e a calçada romana que existia desde o Ribeiro de Mirões, inflectindo no sentido Norte até à actual rua da Ribeira (junto da sede social da Banda Musical de Melres).
É neste período dos Romanos que se funda aqui uma grande quinta ou villa agrária, que se estende de Cabroelo (freguesia da Capela) até Lavercos (actual freguesia da Lomba); passa por Rio Mau e Pedorido, vai ao Monte Meda e desce ao Rio Inha; da foz deste rio atravessa o Rio Douro, segue pelo meio da encosta da margem direita até perto de Sobrido, inflecte para poente e sobe ao cume da serra dos Açores, até Brandião (freguesia de Aguiar de Sousa), donde transpõe a Serra do Padrão e vai dar ao ponto de partida. Também é esta villa agrária que vai servir para definir os limites territoriais do legado que a condessa Mumadona Dias vai receber do rei Ramiro II de Leão (ano de 951).
Nas inquirições de D. Afonso III, em 1258, também se faz novamente referência aos limites de Melres que mais ou menos correspondem aos termos já descritos, com a variação de alguns pontos de referência novos. Mais tarde, em 1369, estes limites vão servir para estabelecerem o termo do Porto que D. Fernando I ordenou e para os quais foram implantados marcos que ainda hoje existem.
Estes limites traçados no período medieval atravessaram os tempos e, com pequenas nuances nalguns pontos, correspondem na actualidade à freguesia da Lomba e à freguesia de Melres, pese embora, com incongruências grosseiras por falta de trabalho de campo, no que concerne aos limites a Nascente desta Vila.
Como se pode depreender, as terras de Melres, tiveram vários donatários, com privilégios diversificados. Foi elevada a vila e constituído o Concelho de Melres, que recebeu carta de foral a 15 de Setembro de 1514. O concelho de Melres, como podemos verificar na carta de foral, continuava a abranger um território em ambas as margens do rio Douro, o que actualmente corresponde às freguesias de Melres e da Lomba, o que também explica o facto da Lomba pertencer ao Concelho de Gondomar, apesar de estar na outra margem do rio. É precisamente por a Lomba estar a Sul do rio Douro, apesar de representar quase metade do território de Melres (naquela altura), que os donatários de Melres eram também senhores de Cantanhede e que o foral de Melres está registado no Livro dos forais novos da Beira.
A própria paróquia da Lomba foi sempre anexa de Melres (era um curato, em que o padroeiro era o abade de Melres), portanto esteve sempre ligada à vila de Melres, e tornou-se freguesia própria (autónoma), a partir de 1807.
O poder municipal em Melres, até 1834, era exercido por um juiz ordinário que usava como insígnia a vara vermelha, porque era eleito pelos homens qualificados da comunidade local e confirmados pelo ouvidor. Este juiz julgava das coisas do cível, do crime e dos órfãos. No entanto, os juizes de fora usavam vara branca, sinal de distinção régia. O juiz, a nível da câmara, era auxiliado por vereadores (provavelmente dois), um procurador e um tesoureiro. O Marquês de Marialva, como donatário da vila, tinha direito a administrar a terra, a apresentar os tabeliães e a nomear o ouvidor. O ouvidor do Marquês de Marialva analisava os pedidos e apelações e, neste caso concreto, usava vara branca. Outra das figuras ou magistrados do rei era o mordomo, que tinha a função de receber e acautelar os tributos reais, tais como os foros dos reguengos, as sisas e redízimas, as portagens, etc. O mordomo do rei era o senhor dos casais de Melres porque, desde D. João I, foram-lhe atribuídos ou doados os direitos reais.
A autonomia municipal era representada pelo edifício da Câmara (Paços do Concelho), pela tesouraria e pelo pelourinho, o qual durou até, pelo menos, às guerras liberais. Durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), a nobreza local de Melres tomou partido de D. Miguel I e apoiou o Absolutismo. Com a derrota de D. Miguel, os nobres abandonaram Melres. É ainda nomeado um Provedor para o Concelho de Melres, para administrar as finanças locais, mas com a reforma de Mouzinho da Silveira, de 1834, é publicado um decreto que extingue o concelho de Melres. Em 1868, Melres é incorporado como uma das freguesias que constituem o concelho de Gondomar. Apesar desta sua mais modesta condição, ainda vai ter um papel importante e de destaque a nível municipal, aquando da transição da Monarquia para a República; na Primeira Guerra Mundial, bem como na Guerra Colonial, com uma presença significativa de efectivos locais.
Outros melhoramentos importantes na freguesia ocorreram no fim do século XX quando foi ampliada e reformulada a Igreja Matriz e inaugurado o novo quartel dos Bombeiros Voluntários de Melres. Já no início do século XXI, a Junta de Freguesia da Vila de Melres recebeu uma casa nobre recuperada – o Solar da Bandeirinha – para lhe servir de edifício-sede e foi construído o centro cultural da Banda Musical de Melres.
Estes equipamentos e melhoramentos, a par da beleza paisagística de Melres, fazem desta vila um pólo de afirmação a nível local e regional.